sábado, 10 de maio de 2014

Knickstória: A Batalha entre Knicks e Celtics em 1984





Depois de uma verdadeira batalha contra o Detroit Pistons, que culminou em uma clássica partida decisiva na qual Bernard King e Isiah Thomas travaram um duelo particular, os Knicks avançavam para a segunda rodada.

O incrível desempenho de King na série contra os Pistons chamou a atenção de toda a NBA, média de 43,2 pontos por jogo, mas menos de 48 horas após o jogo cinco contra Detroit, os Knicks iniciavam a série Semifinal de Conferência contra ninguém menos do que o Boston Celtics de Larry Bird, Robert Parish, Kevin McHale, Dennis Johnson e Danny Ainge, entre outros.

Antes de a série começar, Cedric Maxwell, declarou que Bernard King não iria alcançar a marca de 40 pontos contra eles. Por uma parte da série, Boston conseguiu conter Bernard, foram 26 pontos no primeiro jogo e apenas 13 no segundo e os Knicks perderam as duas partidas no Boston Garden, destaque para Larry Bird (23 pontos no jogo 1 e 37 no jogo 2) e McHale (25 pontos no jogo 1 e 24 no jogo 2.


King relembra ao historiados dos Knicks, Dennis D’Agostino no livro “Garden Glory”:
“Estava me recuperando de uma gripe e jogando com dedos deslocados. Boston estava preparado e pronto para nós e nós não jogamos de maneira eficiente contra Boston fora de casa. Eles fizeram um ótimo trabalho, exceto cometerem três faltas na mesma jogada (risos). Essa foi a única coisa que eles fizeram diferente de Detroit. Um jogador fazia uma falta em você, e a falta já havia sido chamada, e então outros dois jogadores te acertavam. E isso é um fato.”

Depois de duas derrotas em Boston, a série mudava para o Madison Square Garden e, ao invés de realizarem um treino na folga entre o segundo e o terceiro jogo da série, os jogadores e treinadores se reuniram para uma espécie de “lavagem de roupa suja”.

Hubie Brow conta como foi:
“Não treinamos. Voamos de volta, fomos para o vestiário e escrevi todas as estatísticas gritantes. Então nós os desafiamos, porque nós, treinadores, estávamos confiantes que poderíamos vencê-los. Mas isso depende da performance e não estávamos indo bem porque os nossos três melhores jogadores tinham que estar a altura de Bird, Parish e McHale. A reunião foi longa e abrangemos todas as categorias porque durante a temporada vencemos três e perdemos três contra eles, assim como no ano anterior. Era uma reunião de homens. Foi muito desafiadora. E a coisa mais importante foi sair daquela reunião era sentir que poderíamos vencê-los. E eu achei que poderíamos fazer no jogo 3.”

O armador Rory Sparrow detalha como foi a reunião:
“Tivemos algumas discussões. Todo mundo teve que ouvir alguma coisa. Bernard e Hubie eram os que mais falavam. E todos tinham esse pensamento que estava tudo acabado. Mas então Trent (Tucker) fez um discurso passional para os jogadores que recuperou a energia deles. ‘Esqueçam o treinador, esqueçam tudo’, ele disse. ‘Isso é sobre nós. Temos que nos concentrar, nos reagrupar e jogar.’ Então Bernard fez um discurso sobre como ele está arriscando se machucar toda noite porque suas mãos estavam detonadas. Então, no fim do dia, a imprensa está em cima da gente, mas indo (para o jogo 3) senti que superamos nossa auto piedade e estávamos mais unidos do que antes.”

Trent Tucker:
“Falamos de coração e era hora de ver se estávamos pronto para o desafio. (...) Eles (Os Celtics) não queriam apenas nos eliminar, eles queriam nos envergonhar. Tínhamos que nos impor e provar que estamos no mesmo lugar que os Celtics. (Para o jogo 3) tínhamos uma grande torcida no Garden. Eles eram fanáticos e estavam prontos para detonar. Eles nos deram uma energia que precisávamos para vencer a terceira partida.”

Os Knicks iniciaram a partida com uma atitude diferente, logo no primeiro quarto Ernie Grunfeld fez uma dura falta que colocou Kevin McHale no chão. Grunfeld disse que ele não pesou em fazer isso na hora, simplesmente aconteceu no calor do momento.

Mas serviu para mandar uma mensagem para os Celtics, que eles estavam em uma batalha.

Os Knicks venceram por oito pontos, o pivô Bill Cartwright foi o cestinha da partida com 25 pontos, King teve 24 e o armador Ray Williams terminou com 22 pontos. Larry Bird teve 24 pontos e Robert Parish teve 21 pelos Celtics.


Finalmente na quarta partida, Bernard King ultrapassou os 40 pontos, terminando a partida, transmitida em rede nacional pelo canal CBS, com 43 pontos, 17-25 arremessos convertidos. Bird teve 29 pontos, McHale teve 21 pontos e Dennis Johnson e Parish tiveram 20 pontos cada.

Os Knicks vencem a partida por 118 a 113 e a série está empatada.

O bom momento dos Knicks ficou no Madison Square Garden porque de volta a Boston, os Knicks foram detonados, perdendo por 22 pontos de diferença. A partida ficou marcada pela briga entre Darrell Walker dos Knicks e Danny Ainge dos Celtics nos último minuto do terceiro período, após uma falta dura de Ainge no armador dos Knicks.


Os dois foram expulsos da partida e multados, Ainge por 750 dólares e Walker por 500 dólares, mais 14 jogadores envolvidos na confusão foram multados, no total foram US$ 3.750,00 de multa (Que diferença 30 anos depois! E lembrando que naquela época se um jogador saísse do banco durante uma briga não era suspenso da partida seguinte, nunca esqueceremos 1997).

Novamente os destaques dos Celtics foram Bird (26 pontos) e McHale (22 pontos). Pelos Knicks, King terminou com 30 pontos e Tucker teve 18 pontos.

De volta a Nova York, os Knicks precisavam se recompor e evitar a eliminação em frente à sua torcida, Rory Sparrow levou muito a série e foi expulso da partida após uma dura falta em Bird. Foi uma partida muito tensa e a atmosfera no Garden era uma das melhores desde os anos 70.

No final da partida, Bird teve a chance de empatar a partida, mas a defesa dos Knicks impediu e o cronômetro zerou para o delírio da torcida no Garden.

Placar final: Knicks 106, Celtics 104. Bernard King: 44 pontos.

A empolgação era grande após o jogo, Hubie Brown conta que ninguém queria ir embora do Garden, os torcedores ficavam comemorando a vitória.

E agora a séria ia para o decisivo jogo 7 no Boston Garden, onde desde os tempos de Red Auerbach, o time visitante tinha que lidar com condições precárias para se preparar para a partida. O vestiário estava tão quente que eles tiveram que fazer a reunião pré-jogo em outra sala.

Quando Carmelo Anthony marcou os 62 pontos, escrevi sobre King e sua “game face”, que mostra o seu foco na partida:
Quem assistiu o especial da NBA TV sobre a carreira de Bernard King, “Unstoppable”, sabe que a característica do ex-jogador do Knicks era sua “game face”...

No documentário da série 30 for 30 da ESPN, “The Bernie & Ernie Show”, King conta que apenas um dia ele não estava com a “game face” e este dia foi 13 de maio de 1984 em Boston.

Grunfeld, que foi companheiro de time de King também na Universidade de Tenesse, tentou animar o ala, mas do outro lado Larry Bird teve uma das melhores performances de sua carreira com 39 pontos, 12 rebotes e 10 assistências, dando a vitória incontestável a Boston, 121 a 104. Bernard King terminou sua participação nos playoffs de 1984 com 24 pontos.

Larry Bird acabou ganhando o prêmio de MVP da temporada 1983-84 e liderou os Celtics rumo ao título contra o rival Los Angeles Lakers.

Até hoje o lendário ala dos Celtics reconhece a grandeza de Bernard King:
“Eu não marcava Bernard. Eu não tinha chance marcando Bernard. Maxwell também não tinha, a propósito.”

Informações obtidas do site do New York Times e dos livros: “New York Knicks: The Complete Illustrated History”, “100 Things Knicks Fans Should Know & Do Before They Die”, ambos de Alan Hahn e “Garden Glory: An Oral History of the New York Knicks” de Dennis D'Agostino.

Um comentário:

  1. Tubs,

    Nossa! Essa é a palavra que resume o ano do meu nascimento e as coisas ganhando proporções gigantescas. Viva Knicks!

    Grande abraço,

    Tito Araujo

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