24 de janeiro de 2014.
Nessa noite de sexta, o Knicks recebia o Charlotte
Bobcats no Madison Square Garden para mais uma partida na temporada regular.
Uma temporada que é o sinônimo de pesadelo para uma
das franquias mais tradicionais da NBA. 15 vitórias e 27 derrotas, cinco
derrotas consecutivas, uma verdadeira decepção.
Especulações sobre o futuro de Carmelo Anthony,
principal jogador do Knicks, se tornaram constantes, com torcedores achando que
o Knicks deveria trocar o jogador por acharem que ao final da temporada, quando
ele vai optar para sair do seu contrato, ele não vai renovar com o Knicks.
Parece que estamos de volta na década de 2000 onde
nada dava certo.
O jogo inicia e Carmelo começa bem, acertando os
arremessos. Mas algo naquela noite parecia diferente com ele, ele estava sério,
muito focado. Claro que a situação não inspirava muitos sorrisos e brincadeiras
por parte de ninguém do Knicks, mas até Walt Frazier comentou no primeiro
quarto que Melo estava com uma feição diferente, a “game face”.
Quem assistiu o especial da NBA TV sobre a carreira
de Bernard King, “Unstoppable”, sabe
que a característica do ex-jogador do Knicks era sua “game face” e caso você não saiba, King é o jogador favorito de
Carmelo Anthony.
E se você leu meu post sobre os dois incríveis jogos de King do Texas sabe do que eu estou falando.
E se você leu meu post sobre os dois incríveis jogos de King do Texas sabe do que eu estou falando.
Voltando para o jogo, Anthony teve um impecável
primeiro quarto, com 20 pontos em oito de 10 arremessos convertidos, incluindo
uma enterrada empolgante.
Mas aí você pensa: “Ele fez 18 no primeiro quarto
em Indiana e olha o que fez no resto da partida...”
No começo do segundo quarto geralmente é o momento
em que Anthony vai para o banco descansar nos primeiros minutos após jogar
todos os 12 do primeiro, mas como estava muito bem, e juntando à urgência da
partida, Mike Woodson o mantém no jogo, segundo o treinador a pedido do próprio
Carmelo.
Ele segue muito bem, converte sete de 11
arremessos, incluindo um incrível do meio da quadra no estouro do cronômetro para
o intervalo. São 37 pontos no primeiro tempo, apenas três pontos a menos da
pontuação que Bernard King obteve no Natal de 1984 após dois quartos.
Naquele Natal, Bernard marcou 60 pontos, a maior
marca de um jogador vestindo a camisa do New York Knicks. Estamos no intervalo
da partida e aí começo a pensar que existe uma grande possibilidade de Carmelo
alcançar a marca de King.
E logo no começo do segundo tempo ele continua de
onde parou, a pontuação vai aumentando e num contra-ataque a pouco menos de
quatro minutos para o final do terceiro quarto ele ultrapassa a sua marca
pessoal que era de 50 pontos, marca alcançada em três jogos na sua carreira,
duas em Denver (um dos adversários era o Knicks) e uma no Knicks contra Miami
na temporada 2012-13.
Naquele ponto ele iguala a marca de Patrick Ewing,
que estava no banco do Bobcats como assistente do treinador Steve Clifford.
Ewing teve 51 pontos em duas oportunidades, em uma derrota para o Boston
Celtics e em uma vitória contra o Charlotte Hornets, ambos jogos em 1990.
Ele ultrapassa a marca de Michael Jordan, 55 pontos
em um famoso jogo que marcava seu retorno ao Garden após a sua primeira
aposentadoria.
E então que todos sabiam que estava perto. A
ansiedade tomou conta dos torcedores no Madison Square Garden e do autor deste
texto que assistia pelo NBA League Pass.
A cada posse de bola do Knicks todos queriam que a
bola fosse para Carmelo, se ele passasse era quase um banho de água fria.
Então aconteceu.
Com 58 pontos marcados, Carmelo sofre falta e vai
para os lances livres. Ele converte ambos e empata com Bernard King, naquele
momento ele se junta ao seu ídolo.
Ainda não acabou.
Agora a próxima etapa era quebrar o recorde no
atual Madison Square Garden, que pertencia a Kobe Bryant.
Ele tentou um arremesso de três que fez o Garden se
levantar, mas errou adiando a celebração.
Foi então que com sete minutos e meio ele recebe a
bola, escapa de marcação dupla dos Bobcats e converte o arremesso próximo a
cesta e o recorde da franquia e do atual Garden é quebrado.
Um momento histórico.
Depois de quase cinco anos o recorde de pontos no
Madison Square Garden IV pertencia a um Knick novamente.
A gente sempre escuta dos grandes jogos de Michael
Jordan, de Reggie Miller matando os torcedores do coração e mais recentemente
os grandes jogos de LeBron, ainda nos Cavs, e de Kobe pelos Lakers.
Mas desta vez quem fez uma exibição histórica foi
um jogador do time da casa.
Assistindo o jogo no Garden estavam, além de Ewing
já citado, Larry Johnson, John Starks, Allan Houston e Charles Oakley. Michael
Jordan, dono dos Bobcats, provavelmente assistiu a partida pela TV, assim como
Bernard King.
62 pontos, 23-35 arremessos convertidos, 6-11
arremessos de três pontos convertidos, 10-10 lances livres convertidos, 13
rebotes e nenhuma posse de bola perdida.
Quem pegar no pé porque ele não teve nenhuma
assistência merece se matar de uma maneira lenta e dolorosa porque é uma pessoa
ignorante e na minha humilde opinião não merece conviver entre os seres
humanos.
Eu não sou uma pessoa que liga para estatísticas,
na verdade eu odeio estatísticas e para mim o que importa mesmo é a vitória,
mas não dá para negar que é muito bom ver o jogador do seu time com números
incríveis.
Não tenho a mínima ideia de qual vai ser o futuro
de Anthony no Knicks, sempre penso positivo, mas de uma coisa não há dúvida:
ele deixou a sua marca na franquia e jamais será esquecido após essa noite
história de 24 de janeiro de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário