domingo, 26 de janeiro de 2014

Uma Noite Histórica


24 de janeiro de 2014.

Nessa noite de sexta, o Knicks recebia o Charlotte Bobcats no Madison Square Garden para mais uma partida na temporada regular.

Uma temporada que é o sinônimo de pesadelo para uma das franquias mais tradicionais da NBA. 15 vitórias e 27 derrotas, cinco derrotas consecutivas, uma verdadeira decepção.

Especulações sobre o futuro de Carmelo Anthony, principal jogador do Knicks, se tornaram constantes, com torcedores achando que o Knicks deveria trocar o jogador por acharem que ao final da temporada, quando ele vai optar para sair do seu contrato, ele não vai renovar com o Knicks.

Parece que estamos de volta na década de 2000 onde nada dava certo.

O jogo inicia e Carmelo começa bem, acertando os arremessos. Mas algo naquela noite parecia diferente com ele, ele estava sério, muito focado. Claro que a situação não inspirava muitos sorrisos e brincadeiras por parte de ninguém do Knicks, mas até Walt Frazier comentou no primeiro quarto que Melo estava com uma feição diferente, a “game face”.

Quem assistiu o especial da NBA TV sobre a carreira de Bernard King, “Unstoppable”, sabe que a característica do ex-jogador do Knicks era sua “game face” e caso você não saiba, King é o jogador favorito de Carmelo Anthony.

E se você leu meu post sobre os dois incríveis jogos de King do Texas sabe do que eu estou falando.

Voltando para o jogo, Anthony teve um impecável primeiro quarto, com 20 pontos em oito de 10 arremessos convertidos, incluindo uma enterrada empolgante.

Mas aí você pensa: “Ele fez 18 no primeiro quarto em Indiana e olha o que fez no resto da partida...”

No começo do segundo quarto geralmente é o momento em que Anthony vai para o banco descansar nos primeiros minutos após jogar todos os 12 do primeiro, mas como estava muito bem, e juntando à urgência da partida, Mike Woodson o mantém no jogo, segundo o treinador a pedido do próprio Carmelo.

Ele segue muito bem, converte sete de 11 arremessos, incluindo um incrível do meio da quadra no estouro do cronômetro para o intervalo. São 37 pontos no primeiro tempo, apenas três pontos a menos da pontuação que Bernard King obteve no Natal de 1984 após dois quartos.

Naquele Natal, Bernard marcou 60 pontos, a maior marca de um jogador vestindo a camisa do New York Knicks. Estamos no intervalo da partida e aí começo a pensar que existe uma grande possibilidade de Carmelo alcançar a marca de King.

E logo no começo do segundo tempo ele continua de onde parou, a pontuação vai aumentando e num contra-ataque a pouco menos de quatro minutos para o final do terceiro quarto ele ultrapassa a sua marca pessoal que era de 50 pontos, marca alcançada em três jogos na sua carreira, duas em Denver (um dos adversários era o Knicks) e uma no Knicks contra Miami na temporada 2012-13.

Naquele ponto ele iguala a marca de Patrick Ewing, que estava no banco do Bobcats como assistente do treinador Steve Clifford. Ewing teve 51 pontos em duas oportunidades, em uma derrota para o Boston Celtics e em uma vitória contra o Charlotte Hornets, ambos jogos em 1990.

Ele ultrapassa a marca de Michael Jordan, 55 pontos em um famoso jogo que marcava seu retorno ao Garden após a sua primeira aposentadoria.

E então que todos sabiam que estava perto. A ansiedade tomou conta dos torcedores no Madison Square Garden e do autor deste texto que assistia pelo NBA League Pass.

A cada posse de bola do Knicks todos queriam que a bola fosse para Carmelo, se ele passasse era quase um banho de água fria.

Então aconteceu.

Com 58 pontos marcados, Carmelo sofre falta e vai para os lances livres. Ele converte ambos e empata com Bernard King, naquele momento ele se junta ao seu ídolo.

Ainda não acabou.

Agora a próxima etapa era quebrar o recorde no atual Madison Square Garden, que pertencia a Kobe Bryant.

Ele tentou um arremesso de três que fez o Garden se levantar, mas errou adiando a celebração.

Foi então que com sete minutos e meio ele recebe a bola, escapa de marcação dupla dos Bobcats e converte o arremesso próximo a cesta e o recorde da franquia e do atual Garden é quebrado.

Um momento histórico.

Depois de quase cinco anos o recorde de pontos no Madison Square Garden IV pertencia a um Knick novamente.

A gente sempre escuta dos grandes jogos de Michael Jordan, de Reggie Miller matando os torcedores do coração e mais recentemente os grandes jogos de LeBron, ainda nos Cavs, e de Kobe pelos Lakers.

Mas desta vez quem fez uma exibição histórica foi um jogador do time da casa.

Assistindo o jogo no Garden estavam, além de Ewing já citado, Larry Johnson, John Starks, Allan Houston e Charles Oakley. Michael Jordan, dono dos Bobcats, provavelmente assistiu a partida pela TV, assim como Bernard King.


62 pontos, 23-35 arremessos convertidos, 6-11 arremessos de três pontos convertidos, 10-10 lances livres convertidos, 13 rebotes e nenhuma posse de bola perdida.

Quem pegar no pé porque ele não teve nenhuma assistência merece se matar de uma maneira lenta e dolorosa porque é uma pessoa ignorante e na minha humilde opinião não merece conviver entre os seres humanos.

Eu não sou uma pessoa que liga para estatísticas, na verdade eu odeio estatísticas e para mim o que importa mesmo é a vitória, mas não dá para negar que é muito bom ver o jogador do seu time com números incríveis.

Não tenho a mínima ideia de qual vai ser o futuro de Anthony no Knicks, sempre penso positivo, mas de uma coisa não há dúvida: ele deixou a sua marca na franquia e jamais será esquecido após essa noite história de 24 de janeiro de 2014.

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