domingo, 5 de janeiro de 2014

Knickstória: O Show de Bernard King no Texas



Até a temporada 2012-13 sete jogadores do New York Knicks atingiram a marca de 50 pontos em uma partida, nenhum deles atingiu essa marca mais do que Bernard King.

Nascido no Brooklyn, Bernard King veio para os Knicks em 1982, em uma troca na qual os Knicks mandaram para o Golden State o armador Michael Ray Richardson, que teve problemas com o recém-chegado treinador Hubie Brown.


Selecionado pelos Nets em 1978 onde ficou por duas temporadas, após ser trocado para Utah e no ano seguinte para Golden State. O álcool atrapalhou sua trajetória e foi jogando pelos Warriors que King retomou o controle da sua vida, tendo sido premiado como o “Comeback Player of the Year”, algo como a “volta por cima” do ano.

Depois de um começo de temporada difícil em 1982, e algumas trocas para ajustar o elenco ao estilo do treinador Hubie Brown, os Knicks se classificaram para os playoffs onde foi varrido pelo eventual campeão Philadelphia 76ers na semifinal.

Apesar eliminação, a franquia estava otimista para a temporada seguinte e King estava entrando no auge da sua carreira.

Na noite de terça, dia 31 de janeiro de 1984, a temporada regular da NBA era reiniciada após o intervalo do All-Star Game que naquele ano foi realizado em Denver. Vindo do banco, King teve 18 pontos, acertando 8-13 arremessos de quadra em 22 minutos, o Leste venceu por 154 a 145 na prorrogação e o MVP foi Isiah Thomas com 21 pontos e 15 assistências.

Com 24 vitórias e 19 derrotas, os Knicks começavam a segunda parte da temporada 1983-84 fora de casa, fazendo a excursão anual ao Texas, o primeiro adversário era o San Antonio Spurs, com 20 vitórias e 24 derrotas, na HemisFair Arena.

O principal jogador dos Spurs era George Gervin, conhecido como o “Iceman” que, apesar de já ter passado do auge da sua carreira, ainda tinha era um jogador letal no ataque, perfeito para o estilo de jogo dos Spurs na época, que era de muita velocidade.

Esse não era o estilo dos Knicks de Hubie Brown, porém foi assim que os dois times começaram a partida e logo no primeiro quarto a partida se torna um duelo particular entre King e Gervin, com ambos marcando 16 nos primeiros 12 minutos.

A partida seguiu no mesmo ritmo, resultando em um placar alto no intervalo, 67 a 63 para os Knicks, King com 31 pontos e Gervin com 25. No final do terceiro quarto, King marcou mais 11 pontos, chegando na sua melhor marca na temporada até então, Gervin tinha 39 pontos.

No último quarto o ritmo da partida diminuiu, pode ser porque as defesas dos dois times melhoraram, ou porque os jogadores cansaram de tanta correria, mas o que importa é que para os Knicks isso foi vantajoso, ainda mais com os Spurs passando a frente no placar pela primeira vez no segundo tempo.

Com King de volta após ficar no banco no final do terceiro quarto e nos primeiros minutos do último período com quatro faltas, os Knicks conseguem retomar a liderança e nos últimos segundos, com cinco pontos na frente e a vitória garantida, Bill Cartwright fica com o rebote após um arremesso não convertido do Spurs e passa para Barnard King que faz uma enterrada, garantindo seus 50 pontos na partida, igualando a sua melhor marca na carreira até então.

Placar final: Knicks 117, Spurs 113.

Cartwright teve 21 pontos e Trent Tucker 11 pelo Knicks. Gervin terminou com 41 pontos e Edgar Jones teve 18 pelo Spurs.

King contou ao historiador dos Knicks, Dennis D’Agostino, no livro “Garden Glory” que se lembra de ter comentando com o então assistente Rick Pitino que ele achava importante que o time tivesse um bom começo na segunda metade da temporada.
“Tendo marcado 18 pontos no All-Star Game, minha confiança estava alta obviamente. Mas estávamos sem jogadores importantes (naquela época) como Ray Williams e Louis Orr. (...) Eu joguei mais minutos do que normalmente jogaria.”

Bernard não teria muito tempo para comemorar os seus 50 pontos, pois os Knicks já tinham outro jogo no dia seguinte, desta vez contra o Dallas Mavericks na Reunion Arena. Com o mesmo número de vitórias e derrotas que o Knicks, os Mavs eram um adversário a altura, tendo como destaque o ala Mark Aguirre. No time dos Mavs também começava a se destacar um armador em sua primeira temporada, que aos poucos ia ganhando espaço na rotação do time, chamado Derek Harper.

King contou a Bruce Newman da revista “Sports Illustrated” que ele não é uma pessoa supersticiosa, mas depois do jogo em San Antonio ele resolveu fazer a mesma rotina do dia anterior. Ele pediu ao serviço de quarto um sanduíche de peito de peru com um milk-shake de baunilha e entrou na quadra para o aquecimento pré-jogo exatamente 10 minutos antes da hora marcada.

Desta vez King não começou com o mesmo ritmo da noite anterior, mas no intervalo ele já tinha 22 pontos, os Knicks perdiam por oito pontos.

Foi no terceiro quarto que King começou a acertar arremessos seguidos e os Knicks passram a frente no placar, foram 16 pontos de Bernard no período. Também foi no terceiro quarto que ele atingiu a marca de 10.000 pontos na sua carreira.

A partida seguia competitiva no último quarto, mas nos últimos minutos os Knicks se beneficiaram da ausência de Aguirre, eliminado com seis faltas na metade do quarto período e abriram vantagem, King tinha 48 pontos conforme a partida se aproxima de seu final.

Nos últimos segundos, Rory Sparrow apenas conduzia a bola esperando que o tempo acabe, mas os jogadores do banco dos Knicks gritavam para que ele passasse a bola para King. Ele não havia se dado conta que King tinha 48 pontos, então ele passou para ele que converteu para o seu 50º ponto em um arremesso muito bem defendido. O banco dos Knicks comemora como se fosse uma cesta que dava a vitória ao time no último segundo.


Placar final: Knicks 105, Mavs 98.

No “Garden Glory”, King relembra como foi a jogada em que marcou os 50 pontos:
“Marquei o 50º ponto na última jogada da partida. Eu não sabia. Eu sempre olhava para o relógio para saber quantos minutos restavam na partida e sempre estava ciente do relógio de 24 segundos para garantir que tivéssemos um bom arremesso. Eu não olho para a pontuação, então não tinha ideia que estava próximo de 50.”


Rory Sparrow teve 15 pontos e Truck Robinson 14. Aguirre terminou com 27 pontos e rolando Blackman terminou com 24.

Três dias depois os Knicks encerram a viagem ao Texas contra o Houston Rockets e sairiam novamente vitorioso, 103 a 95, mas desta vez King marcou “apenas” 25 pontos.

Foi a primeira vez desde os anos 60 que um jogador marca 50 ou mais pontos em dois jogos seguidos e foi a primeira vez um jogador marca em noites seguidas desde Wilt Chamberlain na temporada 1963-64.

Richard Guerin foi o primeiro a chegar na marca de 50 pontos na história da franquia, ele teve três jogos com 50 ou mais pontos. O segundo Knick a atingir essa marca foi Willis Reed, 53 pontos em uma vitória por 113 a 96 contra o Los Angeles Lakers no Forum em 1º de novembro de 1967.

Patrick Ewing teve sua melhor marca da carreira no dia 24 de março de 1990, 51 pontos (e 18 rebotes) em uma derrota em casa por 115 a 110 para o Boston Celtics. No mesmo ano, no dia 1º de dezembro, ele marcou 50 pontos em uma vitória contra o Charlotte Hornets, também no Garden.

Allan Houston foi o quinto jogador da franquia a atingir a marca de 50 pontos, fazendo duas vezes na temporada 2002-03, no dia 16 de fevereiro de 2003 foram 53 pontos em uma vitória contra o Los Angeles Lakers por 117 a 110 no Staples Center (Kobe Bryant teve 40 pontos) e no dia 16 de março foram 50 em uma vitória contra o Milwaukee Bucks no MSG.

No dia 26 de janeiro de 2007, Jamal Crawford teve 52 pontos em vitória contra o Miami Heat no Madison Square Garden.

Carmelo Anthony se juntou a este seleto grupo, marcando 50 pontos, empatando sua melhor marca na carreira quando ainda jogava no Denver Nuggets, no dia 2 de abril de 2013 em uma vitória por 102 a 90 contra o Miami Heat na Flórida e é o último Knick a atingir a marca de 50 pontos. Ele ficou a 10 pontos de repetir a façanha de King na noite seguinte em uma vitória do Knicks em Atlanta.

Estatísticas de partidas obtidas do site Basketball Reference e outras informações e fotos obtidas dos livros: “New York Knicks: The Complete Illustrated History”, “100 Things Knicks Fans Should Know & Do Before They Die”, ambos de Alan Hahn e “Garden Glory: An Oral History of the New York Knicks” de Dennis D'Agostino.

Um comentário:

  1. Que coisa hein. Este post antecipou a partida épica de Carmello ontem no MSG contra o Charlote. Carmello Anthony, fez 62 pontos no jogo desta noite. Com isto ele quebrou 02 recordes: Tornou-se o jogador com maior número de pontos com a camisa do NYK e o jogador independente do time a fazer mais pontos em uma unica partida no Madson Square Garden-MSG. PARA SE TER IDEIA DO TAMANHO DO FEITO, QUANDO MELLO FEZ SEU PONTO DE NÚMERO 62 AINDA FALTAVA MAIS DE 7 MINUTOS PARA O FIM DA PARTIDA. LOGO APÓS ELE SAIU PARA DESCANSAR, PORTANTO FORAM 62 PTS E 13 REBOTES EM 38:39 min. QUANDO MELLO TINHA 56 PONTOS NO JOGO, O ADVERSÁRIO DO NYK tinha 66 pts. ELE TINHA 10 PTS A MENOS QUE O TIME ADVERSÁRIO INTEIRO. AS MARCAS FORAM 20 PTS NO PRIMEIRO QUARTO. 17 NO SEGUNDO, 19 NO TERCEIRO E 6 NO MINUTOS INICIAIS DO QUARTO QUARTO.

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