sábado, 16 de novembro de 2013

Knickstória: O “Feitiço” de Dancing Harry



Dancing Harry fazendo os seus passos em uma partida contra o Rockets em 1973

Nos anos 70 os intervalos das partidas não tinham o entretenimento que acontece hoje em dia. As Knicks City Dancers somente surgiriam no início dos anos 90 e não existia o “Garden Vision” mostrando replays da partida ou torcedores fazendo passos de dança nas arquibancadas.

Naquela época se entendia que o jogo de basquete era a principal atração.

Mas isso começou a mudar em Baltimore, quando um vendendor de linguiças (isso mesmo) chamado Marvin Cooper conheceu o astro do Bullets Earl Monroe no restaurante Lenny Moore’s em Baltimore. Earl conta que no restaurante havia uma jukebox e Marvin dançava e dublava músicas de Marvin Gaye e Sly and the Family Stone. Monroe sugeriu a ele levar suas performances aos palcos.

Cooper entendeu que o seu “palco” seria a quadra de basquete, assim, durante os pedidos de tempo no Baltimore Civic Center ele começou a fazer seus passos debaixo da cesta.

A torcida gostou e com o tempo ele se tornou conhecido como “Dancing Harry”. Sempre usando roupas chamativas e grandes chapéus, uma das principais partes de seu repertório era quando ele esticava os braços em direção ao time visitante fazendo uma espécie de “feitiço” para que o time da casa vencesse a partida.

Ele permaneceu em Baltimore até novembro de 72 quando Monroe foi trocado para os Knicks.

Os jogos dos Bullets não tinham mais o mesmo glamour sem “The Pearl”, então ele entrou em contato com os Knicks perguntando se permitiriam que ele pudesse trazer o seu repertório para o Madison Square Garden.

A resposta foi negativa, o que não foi uma surpresa, afinal ele fazia parte do time inimigo, um dos maiores rivais dos Knicks na época e que foram os algozes do New York no ano anterior. Dancing Harry não era bem vindo ao Garden.

Apesar disso, Cooper foi para Nova York em abril de 1972 assistir a uma partida de playoff entre Knicks e Celtics, ele conta a história ao New York Daily News:

“Boston estava matando os Knicks, por 20 pontos, eu acho. Willis se virou, me viu sentado e disse ‘O que você está fazendo sentado, Harry?’
Eu disse a ele que os executivos não querem que eu dance.
‘Pro inferno com eles, Harry,’ respondeu Reed. ‘Faça alguma coisa!’”

Após a ordem do Capitão, Harry começou a fazer a sua dança e o Madison Square Garden simplesmente enlouqueceu, o barulho era ensurdecedor.

A vantagem dos Celtics desapareceu e no segundo tempo os Knicks dominaram a partida.

Durante a temporada 1972-73 Harry se tornou uma figura permanente durante os jogos dos Knicks no Madison Square Garden. O organista fazia a trilha sonora para que Harry fizesse os sues passos e, claro, jogasse seu “feitiço” nos adversários.

Muitos acreditam que foi após Harry fazer sua “mágica” que o Milwaukee Bucks não conseguiu mais marcar em uma partida que marcou uma das maiores viradas da história da NBA.

Harry lança o seu feitiço contra Milwaukee em 1972

Harry se tornou uma celebridade com acordos de patrocínio de roupas e calçados e convites para aparições em casas noturnas e diversos eventos.

Apesar da popularidade entre os torcedores, Harry não era uma unanimidade, Frazier declarou certa vez que “Nós vencíamos as partidas e Harry recebia toda a atenção da imprensa”.

Nos playoffs de 73, Dancing Harry era figura cativa no MSG

Logo após os Knicks ganharem seu segundo título em 1973, Ned Irish ordenou aos funcionários do Garden que informassem a Dancing Harry que ele não teria mais permissão para dançar durante os jogos. No primeiro jogo dos Knicks no Garden pela temporada 1973-74, Harry foi ao MSG e quando tentou fazer seus passos foi expulso da arena.

A verdade era que Irish era conservador e as danças de Harry não o agradavam, ironia do destino que hoje em dia todos os times da NBA tem seu grupo de dançarinos.

Harry foi para Long Island, onde seguiu com suas apresentações nos jogos do New York Nets no Nassau Coliseum, naquela temporada os Nets de Julius Erving foram campeões da ABA. Depois ele foi para Indiana, animando os jogos na Market Square Arena, era a primeira vez que ele foi pago para isso.

Anos depois de Irish o impedir de fazer seus passos, em 2003, Harry foi convidado para participar da celebração dos 30 anos do segundo título dos Knicks no Madison Square Garden. Ao contrário dos anos 70, os Knicks pagaram sua vinda e estadia em Nova York.

Cooper ainda mora em Baltimore, onde trabalha no Aeroporto Internacional de Baltimore-Washington.

Informações obtidas do livro “100 Things Knicks Fans Should Know & Do Before They Die” de Alan Hahn.

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